quinta-feira, 21 de maio de 2015

Sonora Brasil - Circuito 2015-2016



No dia 28 de maio acontece, no Centro Cultural Sesc Glória, em Vitória-ES, o lançamento da 18ª edição do Sonora Brasil. Promovido pelo Sesc, o projeto é considerado o maior do país em circulação musical e, até o fim do ano, promoverá 480 concertos em mais de 130 cidades brasileiras.


A abertura da temporada 2015 terá a apresentação dos violeiros Paulo Freire e Levi Ramiro, e do grupo de Destaladeiras de Fumo de Arapiraca com Mestre Nelson Rosa, representando o tema “Cantos de trabalho”.

O Sonora Brasil cumpre a missão de difundir o trabalho de artistas que se dedicam à construção de uma obra não comercial. A formação de plateia é o que se busca por meio do contato do público com a qualidade e a diversidade da música, estimulando o olhar crítico sobre a produção e os mecanismos de difusão da música no país.

Todas as apresentações são essencialmente acústicas, valorizando qualidade sonora das obras e de seus intérpretes. Desde a sua primeira edição, em 1998, já passaram pelo projeto cerca de 80 grupos em mais de 3.900 apresentações por todo o país, alcançando um público superior a 520 mil espectadores. A cada dois anos, dois temas são desenvolvidos, buscando aprofundar a relação do público com aspectos relevantes da música no país.

Para o biênio 2015/2016 os temas selecionados são Sonoros Ofícios – Cantos de Trabalho e Violas Brasileiras, que serão desenvolvidos com a participação de quatro grupos em cada vertente, selecionados por meio de uma curadoria nacional que define a temática e os artistas. Este ano, o tema Sonoros Ofícios – Cantos de Trabalho circula pelos estados das regiões Centro-Oeste, Norte e Nordeste, enquanto Violas Brasileiras segue pelos estados das regiões Sul e Sudeste. Em 2016, na 19ª edição, será feita a inversão da ordem das apresentações para que os grupos concluam o circuito nacional.  “Para os músicos, o circuito propicia uma experiência ímpar de se apresentar em todas as regiões do país, colocando-os em condição privilegiada para a difusão de seus trabalhos”, explica Marcia Rodrigues, gerente de Cultura do Departamento Nacional do Sesc.


Exposição sobre violas e Arena Acusmática  
O lançamento do circuito será marcado, ainda, por outros dois eventos no Centro Cultural Sesc Glória: a exposição “Corpo du Som” e a inauguração da Arena Acusmática.  A exposição leva ao público os processos de construção da viola. A mostra expõe obras do luthier Rodrigo Veras, ferramentas e madeiras utilizadas na produção artesanal do instrumento e fotografias.

A Arena Acusmática, a primeira da região Sudeste, será aberta no dia 27 de maio, às 18h, em sessão fechada para a imprensa. A seguir, às 19h, será feita a primeira apresentação aberta ao público. Atualmente existe apenas uma sala do gênero em funcionamento no Brasil, no Sul do país. O espaço é exclusivo para a difusão de música eletroacústica, um dos exemplos de música acusmática, onde o ouvinte não vê o intérprete ou gestos da produção sonora.


Exposição CORPO DU SOM
O aprendizado da arte da Lutheria se dá, em geral, através da transmissão oral. Da busca de espaços de troca de experiências nasce a motivação para esta exposição. Para compartilhar os conhecimentos da Lutheria, a exposição propõe a aproximação do público a essa arte, através da apresentação de materiais, ferramentas e processos envolvidos na construção artesanal da Viola brasileira, da amostra de dois instrumentos prontos e da exibição de fotos representativas do ofício de construtor.

O Luthier e músico pernambucano Rodrigo Veras, discípulo de Adelmo Arcoverde (PE) e iniciado na arte da Lutheria desde 2008 pelo mestre Lúcio Jacob (MG), mostra sua maneira de construir instrumentos de cordas dedilhadas, baseada na tradicional técnica espanhola. Rodrigo Veras tem construído diversos instrumentos, com ênfase na Viola, na própria Oficina de Construção Artesanal de Instrumentos de Cordas Dedilhadas e, além disso, trabalha como educador na arte da construção da Viola Machete.

VIOLAS Brasileiras
Viola caipira, viola sertaneja, violinha, viola de dez, viola cabocla, viola de arame, viola de folia, viola nordestina, viola de repente, viola brasileira são alguns dos nomes que esse instrumento recebeu em sua diáspora em terras brasileiras. Ao longo do tempo, a viola foi porta voz do Brasil no interior e no contexto urbano, e tem ganhado cada vez mais espaço enquanto instrumento solista de música instrumental, no Brasil e no exterior. 

No Brasil, a viola fez e faz parte das festas rurais. No Norte de Minas, vemos a Marujada e o Caboclinho utilizando esse instrumento, bem como nas procissões do Divino Espírito Santo, em todo Minas Gerais, nas festas de folia. No Nordeste, a viola não ficou restrita à cantoria de repente, ao contrário do que se diz normalmente. Congo, Samba Chula, Reizado, Cavalo Marinho, Capoeira Angola, Côco com viola, Bumba Meu Boi, Mamulengo, Forró Instrumental, são algumas das manifestações culturais que tem a viola como instrumento musical.

No começo do século XX a viola também passeou pelo Brasil. Haja vista, João Pernambuco, exímio violonista brasileiro, aprendeu a tocar com os cantadores repentistas. Ele dedicou-se ao tanger a viola, sobretudo nas duas primeiras décadas do século XX. Existe uma foto que mostra João Pernambuco e o cavaquinista Caninha empunhando duas violas de dez cordas, durante a formação do grupo “Os Caxangá”. Mas a viola não ficou restrita às festas populares brasileiras. Desde o século XX podemos ver a viola ganhando uma projeção nacional. Renato Andrade, violeiro mineiro, foi o principal pioneiro do uso da viola como instrumento nas salas de concerto. Depois uma nova geração de violeiros veio trabalhando no sentido de estudar e difundir a viola. Alguns exemplos são Roberto Corrêa (músico e pesquisador), Paulo Freire (músico e escritor), Braz da Viola (músico e Luthier), Ivan Vilela (músico e pesquisador), Fernando Deghi (músico e professor), entre outros. Em Pernambuco a viola foi largamente utilizada em apresentações musicais nas salas de concertos desde a década de 60, pelo menos. O movimento armorial, com seus representantes da música, Quinteto Armorial, Orquestra Armorial, utilizou a viola em vários trabalhos. Desde a década de 1980 surgiu a ideia de se formar, com a facilitação do Conservatório Pernambucano de Música, a Orquestra de Cordas Dedilhadas. Nessa orquestra, em sua primeira formação, utilizavam se três violas. A Orquestra contou com nomes dos mais respeitados no cenário da musica pernambucana. Henrique Annes, Adelmo Arcoverde, Maestro Marco César, Passarinho Gomes, João Lyra, foram alguns dos músicos que integraram essa orquestra e trabalharam no sentido de recorrer à linguagem musical que adotasse a viola como instrumento solista e também harmônico, no contexto da música instrumental. Adelmo Arcoverde, professor do Conservatório Pernambucano é a maior referência da viola no Nordeste. A partir da técnica que chamou de viola nordestina, vem desenvolvendo diversos trabalhos com a viola desde a década de 80.

Hoje, podemos dizer que a viola começa a ganhar novos contornos, novas maneiras de tocar, até novos modos de se confeccionar. Esse instrumento que deu vida às melodias rurais e urbanas, hoje interage com as culturas que trazem o tempo como seu aliado para a viola ser tocada com uma diversidade ímpar, historicamente construída, oferecendo sons cristalinos aos ouvidos e ao nosso espírito, e também aos nossos ancestrais, que estão escutando de lá o sonzinho da viola chorar...


Temas do Biênio 2015/2016 
Sonoros Ofícios – Cantos de Trabalho apresenta o canto como expressão musical relacionada às atividades laborais, fato social presente na cultura brasileira tanto no ambiente rural quanto no urbano, com registros que confirmam a sua existência já no século XVIII. Três grupos representam formas tradicionais relacionadas a trabalhos rurais: Destaladeiras de Fumo de Arapiraca (AL); Cantadeiras do Sisal e Aboiadores de Valente (BA) e Quebradeiras de Coco Babaçu (MA).  O Grupo Ilumiara (MG), formado por músicos pesquisadores, apresenta repertório recolhido em pesquisas sobre diversas vertentes do tema.

Violas Brasileiras traça um panorama da viola de cinco ordens e de variantes que apresentam características peculiares e regionalizadas do instrumento, relacionadas a práticas musicais restritas a ambientes geográficos pouco abrangentes. A viola caipira/sertaneja será representada por Paulo Freire e Levi Ramiro (SP); a viola do nordeste, reconhecida por acompanhar repentistas, será apresentada por Ivanildo Vilanova, Antônio Madureira e Cássio Nobre (PE e BA); a viola de concerto, apresentada por Fernando Deghi e Marcus Ferrer (PR e RJ); e as violas singulares, com suas peculiaridades e suas claras referências regionalizadas, serão apresentadas por Sidnei Duarte, Maurício Ribeiro e Rodolfo Vidal (MT, TO e SP).


SERVIÇO

INAUGURAÇÃO DA ARENA ACUSMÁTICA
Data: 27/05/2015
Horário: 18h (sessão fechada à imprensa), 19h (sessão aberta ao público)
Local: Centro Cultural Sesc Glória
Endereço: Av. Jerônimo Monteiro, 428 - Centro, Vitória – ES
Informações: (27) 3223-0720

LANÇAMENTO NACIONAL DO CIRCUITO SONORA BRASIL 2015 E EXPOSIÇÃO CORPO DO SOM
Data: 28/05/2015
Horário: 19h
Local: Centro Cultural Sesc Glória
Endereço: Av. Jerônimo Monteiro, 428 - Centro, Vitória – ES
Informações: (27) 3223-0720
Entrada Franca.